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Enquanto seu companheiro falava, Carlos se tinha tornado lívido; conhecia-se que uma emoção poderosa o dominava, apesar do esforço de vontade com que procurava reprimi-la.

— E esse filho... o que fez? perguntou com voz trêmula,

— O sujeito, depois de ter-se divertido à larga, quando se viu pobre e desonrado, enfastiou-se da vida e fez viagem para o outro mundo.

— Suicidou-se?

— É verdade; mas o interessante foi que na véspera de sua morte se tinha casado com uma menina lindíssima.

— Conheces?

— Ora! quem não conhece a Viuvinha no Rio de Janeiro? É a moça mais linda, a mais espirituosa e a mais “"coquette"” dos nossos salões.

A conversa foi interrompida, os dois amigos caminharam por algum tempo sem trocarem palavra.

Carlos ficara triste e pensativo; o seu rosto tinha neste momento uma expressão de dor e resignação que revelava um sofrimento profundo, mas habitual.

Quanto ao seu companheiro, fumava o seu charuto, olhando para todas as vidraças de lojas por onde passava e apreciando essa exposição constante de objetos de gosto, que já naquele tempo tornava a rua do Ouvidor o passeio habitual dos curiosos.

De repente soltou uma exclamação e apertou com força o braço de seu amigo.

— O que é? perguntou este. — Nada mais a propósito! Ainda há pouco falamos dela, e ei-la!