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— Se estivesse em mim! Porém já lhe confessei; é impossível.

— Por que motivo?

— Eu devo... eu sinto que amo a meu marido.

— Morto?

— Sim.

Houve uma pausa.

— Pare

— Eu devo... eu sinto que amo a meu marido.

— Morto?

— Sim.

— Eu devo... eu sinto que amo a meu marido....

— Morto?...

— Sim.

Houve uma pausa.

Parece-lhe ridículo esse sentimento; não e assim? Mas foi o primeiro, cuidei que seria o último. Deus não permitiu!... E por isso às vezes julgo que cometo um crime, aceitando uma outra afeição... Devo ser fiel à sua memória!... Quem me diz que esse remorso não envenenará a minha existência, que a imagem dele não virá, constantemente colocar-se entre mim e aquele que me amar ainda neste mundo?... Seríamos ambos desgraçados!

Um beijo cortou a palavra nos lábios de Carolina. Momentos depois duas sombras resvalaram-se por entre as moitas do jardim e perderam-se no interior da casa. Tudo entrou de novo no silêncio.

Na manhã seguinte, às 9 horas, D. Maria e o sr. Almeida conversavam amigavelmente na sala de jantar, onde acabavam de servir o almoço.

O velho negociante, depois da entrevista com o filho de seu amigo, não se cabia de contente e viera preparar a mãe e a filha para mais tarde receberem a noticia inesperada, que era ainda um segredo, só conhecido de duas pessoas.

O assunto era melindroso e a sua habilidade comercial nada adiantava em negócios de coração; não sabia por onde começar.

Nisto, D. Maria chamou sua filha.