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os outros preparavam a armação e as cabeças de breu para o transparente.

O rebate foi dado por um pirralho, que animosamente trepou ao telhado da casa da Câmara, e lá se foi com a sutileza de um gato até o campanário, onde debruçado à beirada, conseguiu tanger o sino.

Entretanto o povo, passada a primeira impressão, indagara entre si do autor dessa lembrança; e não faltava quem atribuísse o inesperado e misterioso aparecimento do retábulo à intervenção do poderoso São Sebastião que aí se representava para assim comunicar sua vontade aos moradores da cidade. Esse encanto do maravilhoso é irresistível para a imaginação popular.

Aproveitando o momento de comoção, Ivo galgou os degraus da pilastra hasteando uma bandeira de São Sebastião, em tudo semelhante à do painel:

— Povo de São Sebastião, é preciso entregar sua bandeira àquele a quem o nosso divino padroeiro escolheu para defendê-la!

— Bem avisado! gritou uma voz.

— Vamos sem mais detença à casa do Senhor Sebastião Ferreira, nosso tabelião!

— À casa do tabelião! gritaram todos.