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Página:Alice Pestana (Caiel) - Retalhos de verdade (1908).pdf/102

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COLLECÇÃO ANTONIO MARIA PEREIRA

— «Não, pateta. Qual historia! Jornaes ca'em Lisboa são uns papeis para se lerem, onde vem posto tudo dos roubos, e das facadas, e da gente que morre... Inte os retratos dos ladrões lá vem... Que alguns não parecem senão uns senhores... E negar! isso é inté ó fim...»

— «Com'ó afilhado da mulher do filho do Athanasio... aquelle que tinha fugido p'rá Covilhan quando furtou a Esmeralda de casa do tio Lopes...»

— «Qual tio Lopes? o da Brigida?»

— «Esse.»

— «Bem me fio eu! Oh! rapaz. Nan me venhas com lampanas. Cada carapetão! Boas joias havia de ter em casa o pobre do tio Lopes! Elles nan tem p'ra pão, como iam a ter p'ra esmeraldas.»?

— «Vomecê nan acradita? Pois ficaram sem ella. Era a chiba mais linda qu'a gente trazia no rebanho...»

— «Ai, sim. Já nan digo nada. Uma cabra.»

— «Criam-se ali... A mim conhecia-me mais bem! Era eu gritar-lhe Chibinha! Chibinha!... Vinha logo a saltar por aquellas penhas... De raiva, inté chorei...»

— «Bem empregadas lagrimas... E, se te morresse um parente, que fazias?»