— «Crédo, rapaz! Que maneira mais pasmada de olhar p'ra uma pessoa! Parece que nunca me vistes!»
— «Eu inda nunca a vi a vossemece» — articulou o pequeno, bravio, com firmeza.
— «Que nunca viste gente, digo... Eu sou a madrinha... a tua tia Benta... Pede-me sequer a bençoa... Bem podia a tua mãe ter-te dado ao menos essa criação...»
O rapaz obedeceu machinalmente. Os dedos da sr.ª Benta roçaram-lhe asperos pelo nariz.
O da serra não revelou a menor commoção ao ser-lhe notificado que tinha diante dos olhos a tia Benta, em cujo labio superior avultava um consideravel bigode grisalho.
— «P'ros modos, de bagage, nicles?»
— «Bagage?»
— «Pois se quer ó menos uma brôa de milho, bem podia a tua mãe alembrar-se de mandal-a... Estás a modo com cara de frio, rápaz... Queres um decilitro? Entramos ahi n'uma taverna... Queres?»
— «Um decilitro?» — indagou o pequeno, cada vez mais pasmado.
— «Uma pinga de vinho, home... P'ra tomares calor... Pareces parvo.»
— «Tenho mas é sede.»