Página:Ambições (Ana de Castro Osório, 1903).pdf/66

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— «Vae indo, bôa não.

— «Dês que la fui dar pesames que não a tornei a vêr. Nem tornou a sahir, aquillo teve um sentimento! Tamem, não houve na terra grande nem pequeno que não chorasse.

— «Lá tornas á mesma! As mulheres sempre são!...

— «É verdade, tem razão, esta minha cabeça! Olhe cá, menino, então gosta de lá estar pr’os estrangeiros?

— «Muito. São melhores terras do que as nossas, e a gente é mais bem educada. Olhe que não ha por lá muito quem não saiba ler nem escrever, como cá.

— «O quê? Mesmo os travalhadores de enxada e as criadas de servir?

— «Mesmo esses. As criadas então, não ha nenhuma que não leia e escreva menos mal.

— «Ai, não sei que me lembra. Criadas tão doutoras como as amas... Não hadem prestar, não ha nada como as nossas terrinhas e cá a nossa gente.

— «Calla-te ahi! Aquillo nem é para acomparar! As mulheres não percebem nada cá no mundo. Em as tirando do canto da casa já nada lhes presta — sentenciou o boticario.

João, no meio d’aquelle turbilhão de palavras que lhe cahiam em cima como graniso, conseguiu dizer:

— «Isto hoje não é visita.

— «Ai não?! Ainda o diz, olha que ingrato!

— «Não era hoje, mas hade ser breve, sr.ᵃ Joaquina. Heide ir lá cima para o quintal e conversaremos como d’antes.