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— Ó dianho! isso não sei se poderá ser, porque a trazem as freiras debaixo d’olho, e ella vai-se embora ámanhã.

— Para onde vai?

— Vai para outro convento, não sei se de Lisboa, se do Porto. Os bahus já estão preparados, e ella está morta por sahir. E tu que lhe queres?

— Não t’o posso dizer, porque não sei... Queria dar-lhe um papel... Faz com que ella cá venha, que eu dou-te chita para um vestido.

— Como tu estás rica, Marianna!... — atalhou, rindo, Joaquina — Eu não quero a tua chita, rapariga. Se eu podér dizer-lhe que venha, sem que alguem me ouça, digo-lh’o. E agora é boa maré, porque tocou ao côro.... Deixa-me lá ir.

Joaquina sahiu-se bem da difficil commissão. Thereza estava sósinha, absorvida a scismar com os olhos fitos no ponto onde vira Marianna.

— A menina faz favor de vir comigo depressinha? — disse-lhe a criada.

Seguiu-a Thereza, e entrou na grade, que Joaquina fechou, dizendo:

— O mais breve que possa bata por dentro para eu lhe abrir a porta. Se perguntarem por v. ex.^a, digo-lhe que a menina está no mirante.

A voz de Marianna tremia, quando D. Thereza lhe perguntou quem era.