a crer que a balança da justiça na sua mão tremia algumas vezes.
— Começo por dar a v. s.^a os pezames — disse o juiz de fóra — da desgraça de seu filho.
— Obrigado a v. s.^a Sei tudo. Está instaurado o processo?
— Não podia deixar eu de acceitar a querella.
— Se a não acceitasse, obrigal-o-ia eu ao cumprimento dos seus deveres.
— A situação do senhor Simão Botelho é pessima. Confessa tudo. Diz que matou o algoz da mulher que elle amava...
— Fez muito bem — interrompeu o corregedor, soltando uma casquinada secca e rouca.
— Perguntei-lhe se foi em defeza, e fiz-lhe signal que respondesse affirmativamente. Respondeu que não; que, a defender-se, o faria com a ponta da bota, e não com um tiro. Busquei todos os modos honestos de o levar a dar algumas respostas, que denotassem allucinação ou demencia; elle, porém, responde e replíca com tanta egualdade e presença de espirito, que é impossivel suppor que o assassinio não foi perpetrado muito intencionalmente e de claro juizo. Aqui tem v. s.^a uma especialissima e triste posição. Queria valer-lhe, e não posso.
— E eu não posso nem quero, senhor doutor juiz de fóra. Está na cadêa?
— Ainda não: está em minha casa. Venho saber se v.