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Rompe a manhã. Vou vêr a minha ultima aurora... a ultima dos meus dezoito annos!

Abençoado sejas, Simão! Deus te proteja, e te livre d’uma agonia longa. Todas as minhas angustias lhe offereço em desconto das tuas culpas. Se algumas impaciencias a justiça divina me condemna, offerece tu a Deus, meu amigo, os teus padecimentos para que eu seja perdoada.

Adeus; á luz da eternidade parece-me que já te vejo, Simão.»

Erguei-se Simão Botelho, olhou em redor de si, e fitou com spasmo Marianna, que levantava a cabeça ao menor movimento d’elle.

— Que tem, senhor Simão? — disse ella, erguendo-se.

— Estava aqui, Marianna?... não se vai deitar?!

— Não vou: o commandante deu-me licença de ficar aqui.

— Mas ha de assim passar a noite?! Rogo-lhe que vá, porque não é necessario o seu sacrificio.

— Se o não incommodo, deixe-me aqui estar, senhor Simão.

— Esteja, minha amiga, esteja... Poderei subir ao convez?

— Quer ir ao convez, senhor Botelho? — disse o commandante lançando-se do beliche.

— Queria, senhor commandante.

— Iremos juntos.