Página:Amor de Perdição (1862).pdf/73

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— Ágora! Se entrasse, era por nós. Não sabes que elle foi mochila do nosso amo?

— E tambem sei que pôz a loja com dinheiro do nosso amo.

— Pois então que mêdo tens?

— Não ha mêdo; mas tambem sei que foi o corregedor que o livrou da forca...

— Isso que tem! O corregedor não se importa com isto, nem sabe que o filho cá está...

— Assim será; mas não estou muito contente... Elle é homem dos diabos...

— Deixal-o ser... tanto entram as balas n’elle como n’outro...

A discussão continuou sobre varias conjecturas. De tudo o que elles disseram uma coisa era certissima: ser o vulto o João da Cruz, ferrador.

Teria este dado trezentos passos, quando os criados de Balthazar ouviram o remoto tropel de cavalgadura. Ao tempo que elles sahiam do seu escondrijo, sabia João da Cruz á frente do cavalleiro. Simão aperrou as pistolas, e o arreeiro uma clavina.

— Não ha novidade — disse o ferrador — mas saiba v. s.^a que já podia estar em baixo do cavallo com quatro zagalotes no peito.

O arreeiro reconheceu o cunhado, e disse:

— És tu, João?

— Sou eu. Vim primeiro que tu.