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Página:Ana de Castro Osório - Ás Mulheres Portuguêsas (1905).pdf/146

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Ás mulheres portuguêsas

de perto com as obrigações moraes dos dirigentes e dos educadores.

Ha, por exemplo, quem fiscalise as condições em que se realisa o trabalho das mulheres e dos menores? A lei que o regularisa é letra morta, e uns e outros trabalham nas peores condições higienicas e em todos os tempos e horas, inferiorisando-se fisicamente, deformando e afeando cada vez mais a nossa raça, que foi bella e fórte.

A mulher não tem quem a eduque e oriente, quem a ensine a respeitar-se e a respeitar em si mesma o futuro dos filhos; e ou não trabalha nada, porque o homem a sustenta e veste, ou se sujeita a tudo, desempenha os mais penosos serviços, quer livre quer em vesperas de ser mãe.

Filhos nascidos, quem pensou em lhes abrir as créches, as escolas-infantis ou maternaes, os asilos-oficinas?... Quem pensou em juntar essas mulheres, irmãs na desgraça, para lhes ensinar como, agremiadas, se poderiam recorrer e fugir á extrema miseria, á doença sem conforto, á fóme dos dias sem-trabalho?