— Como; a minha benevolência?
— Pois o senhor não é folhetinista?
— Tenho esta honra.
— Ora, os folhetinistas costumam sempre fazer a despedida ao ano que finda, e emitir o seu juízo a respeito dos seus atos.
— Não me lembrava dessa! Assim...
— Vinha suplicar-lhe toda a indulgência para comigo, visto a boa vontade que sempre manifestei de bem servir, não só a este país, como a toda a humanidade.
— Meu amigo, a boa vontade só não basta. Os homens estão hoje muito positivos; exigem fatos.
— Passo a apresentá-los.
— Então vamos a isso: espere, deixe-me preparar o papel para tomar meus apontamentos. Agora estou às suas ordens.
— Em primeiro lugar, senhor, mencionarei a estrada de Mauá, o primeiro caminho de ferro que se construiu no Brasil. Isto é uma glória que ninguém me pode roubar; um fato pelo qual a posteridade me abençoará.
— Concordo, sim, senhor; mas que contas me dá das promessas brilhantes da estrada de ferro do Vale do Paraíba, que já se devia estar construindo?
— A culpa não é minha; foi herança que recebi e negócio que já vinha um pouco transtornado. Entretanto, eu organizei a companhia do Juazeiro, e dei começo aos seus primeiros trabalhos.
— Bem, escrevo cá nos meus apontamentos as estradas de ferro; passemos ao mais.
— O senhor lembra-se que fui eu que primeiro empreguei toda a solicitude no asseio e limpeza da cidade...
— Basta, basta!... Por aí advirto-lhe que vai mal. A respeito de limpeza e de asseio da cidade, temos contas a ajustar; o senhor comprometeu-me horrivelmente.
— Eu, senhor! Não é possível!
— Escute-me; quando o senhor começou com as suas azáfamas de asseio das ruas, de regulamentos, etc., eu julguei que o negócio era sério, fiz-lhe o meu elogio, e defendi-o