Basta. Vamos agora desfolhar algumas flores, e derramar uma lágrima de saudade sobre a lousa de um grande poeta.
Enquanto seus irmãos na inspiração e na poesia vão acordar os ecos da morte com um cântico sentido, seja-me permitido a mim, humilde prosador, misturar um goivo às flores perfumadas da saudade, e derramar uma lágrima sobre o fogo sagrado.
A beira desse túmulo, onde o poeta dos grandes amores, das paixões ardentes, o poeta do coração, talvez que venha pender uma cabeça pálida, e que os ecos da tarde murmurem às brisas que passarem, aquela endeixa repassada de tanta mágoa:
Correi sobre estas flores desbotadas,
Lágrimas tristes minhas, orvalhai-as,
Que a aridez do sepulcro as tem queimado.
Mas erguei os olhos! Nesses versos que aí vedes é um irmão que fala. Silêncio, pois! Deixemos ao poeta dizer as saudades da poesia. Lede a bela poesia do Sr. Andrada Machado sobre a morte de Garrett.
À MORTE DO INSIGNE POETA PORTUGUES
VISCONDE DE ALMEIDA GARRETT
Morrer! Porqu'extinguir-se assim tão rápida
A centelha vivaz que alumiava
Por entre os véus da noite a turba varia?
Morrer! E além perder-se fenecida
A fronte poderosa que abrigava
A vontade de Deus! - Nem mais seus olhos
Lerão nos astros a marcada rota
Que o mundo há de seguir.
De Lísia a musa - joelho em terra - pára
Junto da campa que entre a noite alveja!
Treme-lhe o corpo, como sacudido