No dia seguinte apenas restava de tudo isto um acervo de ruínas ainda fumegantes, um epitáfio escrito pelo fogo, e que todos os passantes iam ler naquelas cinzas ardentes.
Durante dois oi três dias conversou-se sobre o incêndio, fizeram-se mil comentários, e entre muitas coisas que se disse apareceram algumas verdades bem tristes.
Asseguravam que as bombas do arsenal estavam desmanteladas, e que, depois de chegarem ao lugar do incêndio, descobrira-se que não tinham chaves, e portanto fora necessário esperar uma boa hora para que elas pudessem prestar serviço.
Não sei até que ponto chega a verdade deste fato; mas para mim ele nada tem de novo.
Se se tratasse de uma regata, de algum passeio de ministro a bordo dos navios de guerra, naturalmente tudo havia de estar pronto, as ordens seriam dadas a tempo e se desenvolveria um luxo de atividade e de zelo como não há exemplo, nem mesmo na Inglaterra, o país clássico da rapidez.
Tratava-se, porém, de um incêndio apenas, de cinco casas reduzidas a cinzas, e por isso não é de estranhar que não houvesse a mesma azáfama que costuma aparecer naqueles outros ramos mais importantes do serviço público.
Depois do fogo veio a chuva, como era natural; tinha reinado um elemento, era justo que o outro lhe sucedesse.
Toda a semana levou esta senhora a fazer-nos pirraças. Roubou-nos o belo divertimento da regata; e de vez em quando escondia-se atrás da porta, isto é, por detrás do Corcovado, e deixava que o sol brilhasse e que o céu se tornasse azul; e, apenas pilhava um homem na rua, começava a divertir-se à sua custa.
O arsenal de marinha, que não dá grande importância à extinção dos incêndios, podia ao menos tratar de livrar-nos do contratempo da chuva, e fazer a experiência da teoria de Méry. É natural que as suas peças de artilharia estejam em melhor estado que as suas bombas.