E assim tudo o mais: o homem é que faz a sua profissão; a sua inteligência é que a eleva; a sua honestidade é que a enobrece.
Já é tempo de voltarmos a quarta página deste livro das noites, que me comprometo a traduzir-vos.
Chegamos à história de uma representação dada no Teatro de São Pedro, quinta-feira à noite, em benefício de um artista nacional.
Conheceis a comédia, e por conseguinte saltemos por ela para ouvir a Jacobson cantar a ária do Átila, que tão bem representava no Teatro Lírico.
Se a natureza não dotou a esta artista de uma voz doce e suave, deu-lhe em compensação o gosto, o sentimento e a inteligência necessária para compreender todos os mistérios desta arte divina que tem cordas para cada uma das pulsações do coração humano.
O beneficiado tocou no seu violoncelo uma fantasia do Trovador. Nesse momento, algumas pessoas distintas que aí se achavam sentiram decerto um assomo de orgulho e de brios nacionais, quando viram o artista brasileiro, filho da vontade e do estudo, arrancar aplausos no meio dos hábeis instrumentistas estrangeiros que tão cavalheirescamente se prestaram a coadjuva-lo.
.O violoncelo é um admirável instrumento. Fala, chora, geme e soluça como voz humana; se não diz as palavras, exprime os sentimentos com uma força de expressão que arrebata.
Como todos os instrumentos de cordas animais, ele tem com o coração humano essa afinidade poderosa que faz que cada uma das vibrações daqueles nervos distendidos arranque uma pulsação das fibras mais delicadas do homem.
Ainda uma página; a última do livro.
Voltamos ao Teatro Lírico para ouvir Ana Bolena em benefício do Bouché.
Ana Bolena foi uma das oito mulheres desse rei volúvel que estava destinado para nascer sultão na Turquia, mas que