Receba o vaſto Mar no curvo ſeio[1]
Os marmores talhados;
O amoroſo Delfin, o Tritão feio
Reſpeitem temeroſos, e admirados
A Muralha, onde Thetis québra a furia;
Do maritimo Jove eterna injúria.
Ao ar ſe eleve Torre mageftoſa,[2]
Theſouro amplo, e profundo
Das riquezas, que envia a populoſa
Europa, e Alia grande ao Novo Mundo;
Por quem ſoberbo, ó Rio, ao mar te affomas,
Tu, que do Mez primeiro o nome tomas.[3]
Lago triſte, e mortal, no abyſmo eſconda[4]
Peſtiferos venenos;
E o leito, onde dormia a eſteril onda,
Produza os Boſques, e os Jardins amenos,
Que adornando os freſquiſſimos lugares,
Dem ſombra á terra, e dem perfume aos ares.
O voſſo invicto Braço os bons proteja,
E os ſoberbos opprima:
Modêlo ſempre illuſtre em Vós ſe reja
De alma grande, a quem bella gloria anima;
Regendo o Sceptro reſpeitado, e brando;
Digno da Mão, que Vos confia o Mando.
- ↑ O novo Caes na Marinha da Cidade.
- ↑ O magnífico edificio da Alfandega, que tem na frente
eſta Inſcripção:
En, Maria Prima regnante, è pulvere ſurgit,
Et Vaſconcelli ſtat domus iſta manu. - ↑ O Rio de Janeiro.
- ↑ O Paſſeio público no lugar, onde houve huma Lagôa, que inficionava a vizinha Cidade. Eſte ſitio he delicioſo, pela ſombra, e boa ordem das arvores, plantas aromaticas, e cryſtallinas fontes.