Página:As Minas de Prata (Volume I).djvu/104

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— Tanto não estava, que por ela entrei eu!

E como o Brás embatucasse, continuou o advogado rindo maliciosamente:

— A isto chama-se no digesto, mestre Brás, provar in continenti pela vista dos olhos, aspectu.

O bodegueiro disparatou afinal:

— Já sei! Foi aquele maldito que se pôs ao fresco e deixou-me às escâncaras, em risco de me limparem a casa!... Martim! Martim! Diabrete, filhote do demo, com perdão de sua mercê, senhor licenciado! Anda por aí de bródio! Não tem que ver!... Deixa estar, cão, que eu te guardarei boa pitança.

Quando o bodegueiro acabou de vociferar e acalmou o furor que o tomara por ver a porta aberta, Vaz Caminha apreçou o vinho e continuou seu itinerário. Mal tinha ele dado uns trinta passos na rua, o negro, que o seguira de longe, entregou-lhe uma carta.

Vinha na capa o seguinte endereço:

Para o Sr. Vaz Caminha, letrado da Bahia, que mora por detrás da Sé.

— Quem te manda? perguntou o advogado reconhecendo no portador o companheiro de Brás na adega.