Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/47

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o brilho dos olhos e o carmim dos lábios; as calças largas de tafetá, cerrando no artelho de uma perna bem torneada, deixavam admirar o pé delgado por entre o bordado da alparca de seda; o saiote de cassa da Índia, preso ao justilho de renda, desaparecia sob a cabaia amarela, semeada de aresta de prata, que lhe caía dos ombros.

Acompanhavam o palanquim oito moças vestidas igualmente à oriental; essas não tinham capa e traziam passados à cintura uns xales de lã de cores vivas; vinham duas a duas, dando as mãos e formando graciosas figuras de dança, que realçavam as formas esbeltas. Fechava a marcha a banda de música que tocava os anafis e outros instrumentos mouros.

Chegando junto do estrado onde se achavam os dois cavalheiros, os eunucos pousaram em terra o palanquim. A princesa moura no meio de suas escravas, ajoelhou sobre o tapete, que estendera um dos guerreiros do séquito.

— Ilustres cavalheiros, disse ela. Eu sou a Princesa Alzira, filha d'El-Rei da Pérsia, que trazida pelo grande esplendor de vossa fama e nomeada de vosso valor, venho pedir-vos amparo e proteção contra o mau fado que me persegue; pois tendo aceitado