Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/108

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— Deixai em paz esses urubus, D. Aníbal, disse o gajeiro, e dizei-nos como o caso foi. A gente cá do mar gosta de saber histórias...

— Qual caso?

— Do como... vos desarvorou a nau antes de entrar a bom porto. Não dissestes que a fortuna pregou-vos um logro?

— E grande. Ninguém me tira de que estive com a mão mesmo em cima daquelas maravilhosas minas de prata... Sabeis?

— Umm!... fez o rapaz a modo de exclamação.

O traficante que tinha pendido à direita com o balanço do navio, dera um estremeção.

— Orça! acudiu o marujo rindo.

Sangre de Cristo! tornou o cavalheiro. Ainda me ferve o meu lembrando!...

Fora essa exclamação castelhana, que despertara o P. Molina. Quando ele, sem que o pressentissem, veio sentar-se por detrás de uma das caixas de pinho, o soldado já havia começado a narrativa.

— Foi um certo Fernão Aines, de São Sebastião, quem me pôs na pista... Mas primeiro devo referir... Certo dia apareceu morto na Ladeira do Castelo um