Era preciso que os companheiros não dessem pela coisa, o como carecia de um sócio, me escolhera a mim. Havíamos de deixar os outros em certa paragem, tirar o que se pudesse de metal, e escondê-lo longe do lugar, para depois fingir que o achávamos à toa.
— Pelo jeito, o mano não era nenhum sandeu!
— Fino era ele, como azougue; pero, a D. Aníbal, o diabo, seu mestre dele, não embaçaria. Aquela ladainha da mulher andava-me parafusando na cachola!... Sangre de Cristo! disse cá comigo! Não há dúvida! O papel... Tem-no o birbante, e nele está o segredo. Pois o tomarei eu à ponta da espada!
O traficante fez um gesto de susto e murmurou baixinho:
— Tomar per força!...
O aventureiro olhou fito o mercador, que embuchou o resto da frase; era uma simples alusão à Ord. do liv. 5.º, tít. 61, que punia o roubo.
— Alguns pícaros, continuou D. Aníbal, seriam capazes de chamar roubo a isso!... Não sabem os parvos, o que seja o direito de conquista. Os reis conquistam lá seus reinos, nós cavalheiros conquistamos os duros e os reales. Cá para