o rapazito; quis fugir, mas logo acudiu-lhe uma ideia risonha.
— É usted que as tem?
— Não as tenho não, porém as terei querendo Deus.
— Verdade, verdade? exclamou a menina não cabendo em si de contente.
— Tão verdade, que as estou vendo daqui. Mire!
De feito o moço, da posição em que estava, via brilhar sobre a branca areia no raso d’água cristalina, iluminada pelas réstias do sol, as duas agulhas de aço; bastou-lhe mergulhar a mão para que as apanhasse. Feito o que, agitou-as no ar, como um troféu.
— Traga! Traga! exclamava a menina desfeita em risos.
— Que me dará a menina?
— Tudo e mais se o tivera eu; pero não tenho nada.
— Tem, tem!
A menina ficou suspensa, entre contente e pesarosa, com os olhos fitos no rapaz. Só então reparou ela na formosura do alvo semblante, que realçavam as vestes de lã cor de pinhão. Tinha o moço