Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/306

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para enganar-me?... Dizei-o, vós que pareceis tão entendida em pontos de honra.

— Fostes vós mesmo, não eu, que vos enganastes!... Devíeis ter visto nos meus olhos, sentido em minha voz e em toda a minha pessoa, o desprezo que me inspirastes! Se apesar disto acreditastes nas palavras que ouvistes, a culpa é vossa, ou do vosso destino que vos engana. Que fé traz um juramento que importa o sacrifício da honra?

— Em todo o caso vos aproveitastes da minha credulidade para obterdes o que desejáveis, vós e o velho casmurro de vosso pai?

— Tive, é verdade, este escrúpulo; mas desvaneceu-se lembrando-me que aos homens de vossa estofa paga-se em dinheiro. Dizei-me quanto ainda vos restamos?

— Ah!... rugiu o oficial sacando o punhal. Não esperes burlar-me, judia. A tua vida e de teu pai me respondem pelo cumprimento da promessa.

— Também vos posso pagar nesta moeda, de tão vil preço para mim como a outra. Aqui tendes esta vida que antes de vosso buído punhal já trespassou vossa infâmia!

Isto dizendo, a donzela ofereceu ao golpe a branca