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Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/13

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via-se uma palhoça, e encaminhando-se a ela um índio que figurava Peri; no terreiro D. Antônio passeando com um mancebo fidalgo que representava Álvaro de Sá. Mais longe, perto do casarão dos aventureiros, a desengonçada figura de Aires Gomes. D. Lauriana e as moças apareciam sentadas nos degraus da escada, trabalhando em obras de agulha e debuxo.

Bastava ao fidalgo erguer os olhos e circular esse aposento para se imaginar ainda no Paquequer, vivendo a alegre e descuidosa vida de mancebo que fruíra naqueles ermos, cercado de sua família. Então embalava-se algumas horas nessa doce ilusão, até que afinal lhe subia à memória uma ideia pungente que amargurava todas as reminiscências; recordava-se com desespero que fora ele, insciente é verdade, a causa primeira da calamidade que o isolara no mundo.

Nesse instante, ao recolher no canto da arca as notas que escrevia, assaltou-o essa ideia suscitada pela vista de um objeto ali guardado. A visita que entrou depois, veio encontrá-lo submerso no doloroso recordo dos tempos idos.

O P. Gusmão de Molina, pois era ele quem procurava a essa hora o provedor, penetrou no