aposento com a orgulhosa humildade que acompanhava o jesuíta ao palácio, como à choupana; e era o traço característico, dessa, mais que de nenhuma outra ordem religiosa. Cada membro dela sentia-se pequeno como individualidade, mas como parte da poderosa associação conhecia que nele estava a força da Companhia. A humildade trajando as vestes profanas da soberba, o corpo do apóstolo sob a túnica do patriciado: eis o jesuíta.
Da porta ao fidalgo que se erguera para recebê-lo, o P. Gusmão fez as três reverências, conforme o ritual da Companhia, cruzando as mãos no peito à moda oriental. Mas não foi unicamente à cortesia que se aplicou a atenção do frade durante esse curto instante: aproveitando o movimento da cabeça, seus olhos circularam duas vezes o aposento, uma de alto a baixo, outra da esquerda à direita.
— É o Senhor D. Diogo de Mariz, em presença de quem estou?
— Sim, Reverendo. Queira ter a bondade de acomodar-se.
O jesuíta sentou-se.
— Minha pessoa é desconhecida a Vossa Mercê,