Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/158

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— Já respondi a V. Senhoria, não respondendo.

— Não o podereis negar. Não só tenho plena certeza; mas estou informado da circunstância que vos fez depositário deste segredo.

O governador referiu o quanto o Brás tinha ouvido do Anselmo a bordo do galeão Rosário.

D. Diogo não se abalou; ouviu silencioso sem o mínimo sinal de confirmação ou negativa.

— Vosso mesmo silêncio, concluiu o governador, é a prova mais robusta do fato. Em vossos lábios mudos há uma confissão mais clara do que se falassem.

D. Diogo sentiu o peso dessa observação:

— Não sou e nunca fui de argúcias e ambages, senhor governador; na minha família, sempre houve timbre de franqueza e verdade. É exato que o roteiro das minas de prata foi confiado à minha guarda pela Providência; e que eu aceitei a responsabilidade desse perigoso depósito, resolvido a cumpri-lo. Eis o que me cabe comunicar a V. Senhoria.

— E como contais cumpri-lo, senhor provedor?

— Restituindo-o a seu legítimo senhor.

— Não me enganaram os que tão bons prólogos