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Página:As Reinações de Narizinho.pdf/20

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MONTEIRO LOBATO
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— Lá vem o malvado! disse. Esses monstros divertem-se em espetar as pobres baleias como se ellas fossem almofadinhas de alfinete, Vamo-nos embora, que a lucta vae ser medonha.

Recebendo ordem de voltar, o Camarão estalou as barbas e poz os "cabecinhas de cavallo" no galope.

De volta ao palacio o principe deixou a menina e a boneca na gruta dos seus thesouros, indo cuidar dos preparativos da festa. Narizinho poz-se a mexer em tudo. Quantas maravilhas! Perolas enormes aos montes. Muitas, ainda na concha, punham as cabecinhas de fóra, espiavam a menina e escondiam-se outra vez — de medo da Emilia. Caramujos, então, era um nunca se acabar — de todos os geitos possiveis e imaginaveis. E conchas! Quantas, Deus do céu!

Narizinho teria ficado alli a vida inteira, examinando uma por uma todas aquellas joias, se um peixinho de rabo vermelho não viesse da parte do principe dizer que o jantar estava na mesa.

Foi correndo e achou a sala de jantar ainda mais bonita que a sala do throno. Sentada ao lado do principe, teve palavras de elogio para a arrumação da mesa.

— Artes das senhoras sardinhas, explicou elle. São ellas as melhores arrumadeiras do reino.

A menina pensou comsigo: "Não é atôa que sabem se arrumar tão direitinho dentro das latas"...

Vieram os primeiros pratos — costelletas de camarão, filés de marisco, omelletes de ovos de beija-flôr, linguiça de minhóca — um petisco de que o principe gostava muito.

Emquanto comiam, uma excellente orchestra de cigarras e pernilongos ensinados tocava a musica do fium, regida pelo maestro Tangará, de batuta no bico. Nos intervallos tres vagalumes de circo fizeram magicas lindas, entre as quaes foi muito apreciada a de comer fogo.

Encantada com tudo aquillo Narizinho batia palmas e