— Amanhã sem falta vou levar Emilia ao consultorio delle, disse ella ao principe.
— E por falar, onde anda a senhora Emilia? indagou este. Desde a briga com a dona Carochinha que não a vi mais.
— Nem eu. Acho bom que o senhor principe mande procural-a.
O peixinho gritou para o mordomo que achasse a boneca sem demora.
Emquanto isso o baile proseguia. Vieram as libellulas, que gosam a fama de serem as mais leves dançarinas do mundo. De facto! Dançam sem tocar os pézinhos no chão — voando o tempo inteiro. Estava a linda valsa das libellulas na metade quando o mordomo reappareceu, muito afflicto.
— Dona Emilia foi assaltada por algum bandido! foi dizendo. Está lá na gruta dos thescuros estendida no chão como morta.
De um salto Narizinho pulou do throno para correr em salvação da sua querida amiga. Encontrou-a cahida por terra, com o rosto arranhado, sem dar o menor accordo de si. O doutor Caramujo, chamado com urgencia, despertou-a logo com um bom beliscão, depois do indispensavel "diagnostico".
— Quem será o monstro que fez isto para a coitada? exclamou a menina examinando-lhe a cara e vendo-a com um dos olhos de retroz arrancado. Não bastava ser muda, vae ficar céga tambem! Coitadinha da minha Emilia!...
— Impossivel descobrir o criminoso, declarou o principe. Não ha indicios. Só depois que o doutor Caramujo a curar da mudez poderemos saber de alguma coisa.
— Havemos de tratar disso amanhã bem cedo, concluiu Narizinho. Agora é muito tarde. Estou pendendo de somno...