que as pedras haviam crescido de volume dentro. Como estivesse ainda vestido com a sáia e touca da Emilia, Narizinho viu-se obrigada a tapar a bocca para não rir em momento tão improprio.
O grande cirurgião examinou a barriga empanturrada e "diagnosticou" em latim. Embora soubesse muito bem o que o sapo tinha, não podia dispensar o "diagnostico", de medo de ficar desmoralizado. Depois abriu-lhe a barriga com a faca de ponta e tirou com a pinça de caranguejo a primeira pedra. Ao vel-a á luz do dia, sua cara abriu-se em risos caramujaes.
— Não é pedra, não! exclamou contentissimo. E' uma das minhas queridas pilulas! Mas como iria ella parar na barriga deste cidadão?...
Enfiou de novo a pinça e tirou nova pedra. Era outra pilula! E assim até completar o numero de noventa e nove. Fôra o sapo o ladrão do maravilhoso remedio!...
A alegria do doutor foi immensa. Como não soubesse curar sem aquellas pilulas, andava receioso de ser posto no olho da rua.
— Podemos agora curar a senhora Emilia, declarou depois de costurar a barriga do sapo.
Veio a boneca. O doutor escolheu uma pilula falante e deu-lh'a a tomar.
— Engula duma vez! disse Narizinho, ensinando á Emilia como se engole pilula. E não faça tanta careta que arrebenta o outro olho.
Emilia enguliu a pilula muito bem engulida, começando a falar no mesmo instante. A primeira coisa que disse foi: "Estou com um horrivel gosto de sapo na bocca!" E falou, falou, falou mais de uma hora sem parar. Falou tanto que Narizinho, atordoada, pediu ao doutor que a fizesse desengulir aquella pilula e lhe désse outra mais fraca.
— Não é preciso, explicou elle. Ella que fale até cansar. Depois dumas tres horas de falação, sossega e fica como