Narizinho não gostava de esperar ; ficou pois aborrecida de ter de esperar Pedrinho ainda uma semana, Felizmente era tempo de jaboticabas.
No sitio de dona Benta havia só um pé, mas enorme, que dava para todos se arregalarem até enjoar. Justamente naquella semana as jaboticabas tinham chegado "no ponto" e a menina não fazia outra coisa senão chupar jaboticabas. Volta e meia trepava á arvore, feito uma macaquinha. Escolhia as mais bonitas, punha-as entre os dentes e "tloc"! E depois do "tloc"! uma engulidinha do caldo e "pluf"! — caroço fóra. "E tloc! pluf! tloc! pluf!" lá passava o dia inteiro, quasi.
As jaboticabas tinham outros freguezes alem da menina. Um delles era um leitão muito caradura, que tinha o nome de Rabicó. Assim que via Narizinho trepar á arvore vinha correndo postar-se á espera de caroços e cascas. Cada vez que soava lá em cima um "tloc"! seguido de um "pluf"! ouvia-se cá embaixo um "nhoc"! do leitão abocanhando qualquer coisa. E a musica da jaboticabeira era assim:
"tloc! pluf! nhoc! tloc! pluf! nhoc!"
Sanhaços tambem, e abelhas, e vespas. Vespas em quantidade, sobretudo no fim, quando as jaboticabas ficavam que eram um mel, como dizia Narizinho. Escolhiam as melhores frutas, furavam-nas com o ferrão, enfiavam meio corpo dentro e deixavam-se ficar muito quietinhas, sugando, sugando até cahirem de bebedas.
— E não a mordiam?
— Não tinham tempo. O tempo era pouco para aproveitarem aquella gostosura que só durava uns quinze dias.
Não mordiam é um modo de dizer. Nunca tinham mordido, isso sim. Porque justamente naquella tarde uma mordeu. Estava Narizinho no seu galho, distrahida em pensar na surpreza que teria o principe Escamado se recebesse uma jaboticaba de presente, quando levou á bocca uma das taes furadinhas, com meia vespa mettida dentro. Dessa vez em