— Pois muito bem, Emilia. Desde este momento fica você nomeada condessa de Tres Estrellinhas e para não haver duvida vou pintar tres estrellinhas na sua testa. Todas as creaturas da terra vão torcer-se de inveja!...
— Todas, menos uma, observou a boneca.
— Quem?
— A vespa que mordeu sua lingua.
— Explique-se, Emilia. Não estou entendendo nada.
— Quero dizer que a tal vespa está morta e bem enterrada no fundo da terra, explicou a boneca. Assisti a tudo. Quando ella mordeu sua lingua e você fez "pluf!" antes de berrar "ai! ai! ai!", a jaboticaba cuspida, ainda com a vespa dentro, cahiu bem perto de mim. Vi então tudo o que se passou depois que você desceu da arvore berrando que nem um bezerro e lá se foi, sem se lembrar de mim.
E a boneca contou direitinho o triste fim da pobre vespa.
— Ella ficou ainda quasi uma hora mettida dentro da jaboticaba, toda arrebentada, movendo ora uma perninha, ora outra. Afinal parou. Tinha morrido. Vieram as formigas cuidar do enterro. Olharam, olharam, estudaram o melhor meio de a tirar dalli. Chamaram outras e por fim deram começo ao serviço. Cada qual agarrou-a por uma perninha e, puxa que puxa, logo a arrancaram da jaboticaba. E foram-na arrastando por alli afóra até á cova, que é o buraquinho onde as formigas moram. Lá pararam á espera do fazedor de discursos.
— Orador, Emilia!
— FAZEDOR DE DISCURSOS. Veio elle, de discursinho debaixo do braço, escripto num papel e leu, leu, leu, que não acabava mais. As formigas ficaram aborrecidas com o besourinho (era um besourinho do Instituto Historico) e apitaram. Appareceu um louvadeus soldado, de pauzinho na mão. "Que ha?" perguntou. "Ha que estamos cançadas e com fome e este famoso orador não acaba nunca o seu discurso. Está muito pau," disseram as formigas. "Pa-