— Você me frita para o jantar o peixinho da Emilia? Frita?
— Frito, sim! Frito até no dedo!...
— Não caçoe, tia Nastacia! Emilia é uma damnada! Ninguem imagina do que essa sonsa é capaz!...
Palavras não eram ditas e — "tchibum!..." A pescadora de panno revirara para dentro dagua com pedra e tudo.
— Acuda, Nastacia! Emilia está se afogando!... gritou a menina afflicta.
De facto. Um peixe engulira a isca, e, luctando por safar-se do anzol, arrastara com a pescadora para o meio do rio.
Tia Nastacia arranjou uma vara de gancho e com muito geito foi puxando para a beira do corrego a infeliz pescadora, até ponto em que a menina a pudesse agarrar.
Assim aconteceu — e qual não foi o assombro de Narizinho vendo sahir dagua, preso ao anzol de Emilia, uma trahirinha que rabeava como louca?
A negra pendurou o beiço.
— Crédo! Até parece feitiçaria! resmungou.
Muito contente da aventura, Narizinho disparou para casa com o peixe na mão.
— Vóvó, gritou ella ao entrar, adivinhe quem pescou esta trahirinha, se é capaz!...
Dona Benta olhou e disse:
— Ora, quem mais! Você, minha filha.
— Errou!
— Tia Nastacia, então.
— Qual Nastacia, nada!...
— Então foi o sacy, caçoou dona Benta.
— Vóvó não adivinha! Pois foi a Emilia...
— Está bobeando sua avó, minha filha?
— Juro! Palavra de Deus que foi a Emilia! Pergunte á tia Nastacia, se quizer.