Página:As Reinações de Narizinho.pdf/52

Wikisource, a biblioteca livre
46
O SITIO DO PICAPAU AMARELLO

somno. E julgando que ainda estavam a conversar sobre o assumpto da linguagem das formigas, disse, bocejando:

— Então é... é porque sou...

— Não se trata mais disso, idiota! Está ahi á sua procura a creada duma tal rainha sua amiga. Vamos! Acorde duma vez!

Só então Emilia acordou de verdade. Viu a formiga com a salva e espichou os braços para receber o presente. Eram croquetes, lindos croquetes, tostadinhos e cheirosos.

A boneca sorriu de gosto e orgulho. A rainha só se lembrára della !

— Diga a Sua Magestade que a condessa de Tres Estrellinhas muito agradece o presente. Que os croquetes estão lindos e que ella é uma grande cozinheira.

Narizinho disparou a rir gostosamente.

— Que idéa, condessa ! Uma rainha lá pode ser cozinheira?

Cahindo em si Emilia viu que tinha commettido uma coisa muito grave entre as pessoas de alta sociedade, chamada "gafe". E procurou corrigir-se.

— Isto é... diga que a cozinheira della é muito boa, entendeu? E diga ainda que os croquetes estão muito gostosos, isto é... devem estar muito gostosos. Pode ir.

A creada fez um cumprimento de cabeça para sahir, mas foi detida por um gesto da menina.

— Não vá ainda, disse ella. E voltando-se para a Emilia : Presente, senhora condessa, paga-se com presente. Mande-lhe uma perninha daquelle pernilongo que queimei com a vela antes de deitar.

— E' verdade! exclamou a boneca. Não me custa nada e a rainha vae ficar contentissima. E poz-se de gatinhas a procurar o pernilongo assado. Achou-o, tirou-lhe uma perninha, enfeitou-a com um laço de fita e, depois de embrulhal-a em papel de seda, collocou-a na salva, com um cartão que dizia assim: