somno. E julgando que ainda estavam a conversar sobre o assumpto da linguagem das formigas, disse, bocejando:
— Então é... é porque sou...
— Não se trata mais disso, idiota! Está ahi á sua procura a creada duma tal rainha sua amiga. Vamos! Acorde duma vez!
Só então Emilia acordou de verdade. Viu a formiga com a salva e espichou os braços para receber o presente. Eram croquetes, lindos croquetes, tostadinhos e cheirosos.
A boneca sorriu de gosto e orgulho. A rainha só se lembrára della !
— Diga a Sua Magestade que a condessa de Tres Estrellinhas muito agradece o presente. Que os croquetes estão lindos e que ella é uma grande cozinheira.
Narizinho disparou a rir gostosamente.
— Que idéa, condessa ! Uma rainha lá pode ser cozinheira?
Cahindo em si Emilia viu que tinha commettido uma coisa muito grave entre as pessoas de alta sociedade, chamada "gafe". E procurou corrigir-se.
— Isto é... diga que a cozinheira della é muito boa, entendeu? E diga ainda que os croquetes estão muito gostosos, isto é... devem estar muito gostosos. Pode ir.
A creada fez um cumprimento de cabeça para sahir, mas foi detida por um gesto da menina.
— Não vá ainda, disse ella. E voltando-se para a Emilia : Presente, senhora condessa, paga-se com presente. Mande-lhe uma perninha daquelle pernilongo que queimei com a vela antes de deitar.
— E' verdade! exclamou a boneca. Não me custa nada e a rainha vae ficar contentissima. E poz-se de gatinhas a procurar o pernilongo assado. Achou-o, tirou-lhe uma perninha, enfeitou-a com um laço de fita e, depois de embrulhal-a em papel de seda, collocou-a na salva, com um cartão que dizia assim: