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O SITIO DO PICAPAU AMARELLO

— Isso mesmo. Tenho pensado muito nesse arranjo e até já o propuz á Emilia.

— E ella acceitou?

— Emilia é muito vaidosa e cheia de si. Mas eu sei lidar com ella. Quando chegar a occasião darei um geito.

Terminado o assumpto Emilia, começou o assumpto reino das Aguas Claras. Narizinho contou a série inteira daquellas maravilhosas aventuras, despertando em Pedrinho um desejo louco de tambem conhecer o principe-rei. De nada se admirou, conforme o seu costume. Tanto elle como Narizinho achavam tudo tão natural! Só estranhou que Pollegar tivesse fugido da sua historinha.

— Isso, sim, não deixa de me intrigar, disse elle. Se Pollegar fugiu é que a historia está embolorada. Se a historia está embolorada, temos de botal-a fóra e compor outra. Ha muito tempo que ando com esta idéa — fazer todos os personagens fugirem das historias para virem aqui combinar comnosco outras aventuras. Que lindo, não?

— Nem fale, Pedrinho! exclamou a menina pensativa. O que eu não daria para brincar neste sitio com a menina da Capinha Vermelha ou Branca de Neve...

— Eu só queria pilhar cá o Adadino da lampada maravilhosa, para tirar a prosa delle! ajuntou Pedrinho que voltára da cidade com fumaças de valentia.

— E eu só queria Capinha. Tenho tanta sympathia por essa menina... Aquelles bolos que costumava levar para a vóvó que o lobo comeu — que vontade de comer um daquelles bolos...

Uma voz conhecida veio interrompel-os:

— Narizinho! Pedrinho! O café está na mesa.

— Duvido que fossem melhores que os que tia Nastacia faz! disse o menino erguendo-se.

E dispararam os dois para casa.