do a menina e a boneca, saudou-as respeitosamente. Depois arrumou os oculos para examinar a perna da Emilia.
— E' grave! exclamou. A senhora condessa está soffrendo duma anemia macellar no pernil barrigoide esquerdo. Caso muito sério.
— E que receita, doutor? Pilula de sapo outra vez? indagou a menina.
— Esta doença, explicou o grande medico, só pode sarar com um regimen de super-alimentação local.
— Alimentação macellar, eu sei, disse a menina rindo-se da sciencia do doutor. Tia Nastacia sabe applicar esse remedio muito bem. Em dois minutos, com um bocado de macella e uma agulha com linha, ella cura Emilia para o resto da vida.
— Tia Nastacia! exclamou o medico escandalizado. Com certeza é alguma curandeira vulgar! Macella, alguma mésinha vulgar tambem! Oh, santa ignorancia! Admira-me ver uma princeza tão illustre desprezar assim a sciencia de um verdadeiro discipulo de Hippocrates para entregar a condessa aos cuidados duma réles curandeira!...
— Réles curandeira! Chamar tia Nastacia de réles curandeira! Retire-se, se tem algum amor á sua casca, senão faço o que fiz para a tal dona Carochinha. Réles curandeira! Já viu, Emilia, um desaforado maior?
O doutor Caramujo metteu o rabo entre as pernas e sumiu-se.
Narizinho estava ainda a commentar o desaforo quando os zangãos que andavam á procura das muletas voltaram.
— Aqui no palacio não ha muletas, senhora princeza, mas ahi fóra costuma andar um besouro manco que possue duas. Quer ir até lá comnosco?
Narizinho foi. Tres esquinas adeante encontraram o besouro mendigo, de chapeu na mão á espera de esmolas. A menina já lhe ia offerecendo um pedacinho de bolo quando o mendigo perguntou :
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