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O SITIO DO PICAPAU AMARELLO

— Não me conhece mais?

A menina encarou-o com olhos attentos.

— Sim!... Estou reconhecendo!... Não foi você que lá na beira do ribeirão esteve passeando pela minha cara e me arrancou um feixinho de sobrancelhas?

— Isso mesmo! confirmou elle. Por signal que por causa daquelle espirro cahi de mau geito, ficando assim aleijado para o resto da vida.

Pezarosa da sua desgraça, Narizinho pol-o no bolso, dizendo:

— Fique quietinho ahi, divertindo-se com esses bolos. Vou levar você para o sitio de vóvó, onde poderá viver uma vida sossegada sem ser preciso tirar esmolas.

Depois, tomando suas muletinhas, deu-as á boneca.

— Arrume-se nisso, depressa, senhora condessa da Perna Vazia, que a hora da audiencia está proxima.

E precedidas dos zangãos, entraram de novo no palacio.


X — SAUDADES


Já estava cheio o palacio, não só de personagens do reino das Abelhas como de muitos outros, inclusive o reino das Aguas Claras. Narizinho correu os olhos em procura dalgum conhecido. Viu logo o major Agarra.

— Viva, major! exclamou, dirigindo-se a elle alegremente. Como vão todos por lá?

Antes de dar noticias o sapo demonstrou mais uma vez a sua gratidão pelo que a menina lhe fizera, desculpando-se tambem de não ter apparecido no sitio de dona Benta, como promettera. Depois contou que o principe andava cada vez mais taciturno.

— Não se casou ainda?

— Nem casa. Tem recusado a mão das mais bellas princezas do reino. Todos dizem que soffre de paixão recolhida. Ama a alguem que não faz caso delle, é isso.