chegaram aos commodos reaes. Lá estava Sua Majestade num throno de cera, conversando com varios zangãos emproados e orgulhosos (pelo menos assim pareceu á menina).
— Bemvinda seja! saudou a rainha numa doce voz maternal. Tem gostado da nossa colmeia?
— Muito, Majestade! E' o reino mais bem arrumadinho de quantos vi até agora. Estou positivamente encantada!
— O meu reino é assim, explicou a rainha, porque não é não é reino nenhum, mas uma grande familia onde a boa mãe geral vive rodeada de todos os seus filhos. Já percorreu a colmeia inteira?
— Já vi parte e tenho gostado de tudo, menos da cara desses senhores zangãos, que me parecem emproados e orgulhosos...
— E' que estão a me fazer a côrte. Todos os annos escolho um dentre elles para marido, e os outros...
— Já sei! Os outros casam-se com as outras abelhas!...
A rainha sorriu.
— Não, menina! Os outros são condemnados á morte e executados...
— Quê? exclamou Narizinho horrorizada. Acho que isso constitue uma crueldade — verdadeira mancha negra na organização das abelhas.
— Parece, menina. Mas é o geito. Como não sabem trabalhar e a natureza os fez unicamente para serem esposos da rainha, as abelhas não teem a menor consideração por elles depois que a rainha elege um para esposo. Trucidam-nos e lançam os cadaveres para fóra da colmeia. Estas minhas filhas acham que o sentimentalismo não dá bom resultado em materia de organização social.
Narizinho, cada vez mais admirada da intelligencia da rainha, murmurou ao ouvido da boneca: "Vê, Emilia? Isto é que é falar bem! Até parece aquelle philophoso que vóvó ás vezes lê, o tal Rou... Rou... Rousseau, creio."
Nisto um "trrrlin, trrrlin" de esporas resoou perto. Vol-