ARAÚJO – Porque a repele!
CAROLINA – Porque vale menos do que aquelas que ela repele do seu seio. Nós ao menos não trazemos uma máscara; se amamos um homem, lhe pertencemos; se não amamos ninguém, e corremos atrás do prazer, não temos vergonha de o confessar. Entretanto, as que se dizem honestas cobrem com o nome de seu marido, e com o respeito do mundo os escândalos da sua vida. Muitas casam por dinheiro com o homem a quem não amam; e dão sua mão a um, tendo dado a outro a sua alma! E é isto o que chamam virtude?... É essa sociedade que se julga com direito de desprezar aquelas que não iludem a ninguém, e não fingem sentimentos hipócritas?...
ARAÚJO – Tem o mérito da impudência.
CAROLINA – Temos o mérito da franqueza. Que importa que esses senhores que passam por sisudos e graves nos condenem e nos chamem perdidas?... O que são eles?... Uns profanam a sua inteligência, vendem o seu pensamento, e fazem um mercado mais vil e mais infame do que o nosso, porque não têm, nem o amor, nem a necessidade por desculpa; porque calculam friamente. Outros são nossos cúmplices, e vão com os lábios ainda úmidos dos nossos beijos manchar a fronte casta de sua filha, e as carícias de sua esposa. Oh! Não falemos em sociedade, nem em virtude!... Todos valemos o mesmo! Todos somos feitos de lama, e amassados com o mesmo sangue e as mesmas lágrimas!...
MENESES – Não te iludas, Carolina! Esse turbilhão que se agita nas grandes cidades; que enche o baile, o teatro, os espetáculos; que só trata do seu prazer, ou do seu