que vivemos aborrecidos um do outro? Que felicidade sentimos para darmo-nos mutuamente?
RIBEIRO – Estás hoje de mau humor.
CAROLINA – Ao contrário, estou contente! A vista destas luzes, destas flores, desta mesa, destes preparativos de ceia, me alegrou! É assim que eu compreendo o amor e a vida. Na companhia de alguns amigos, vendo o vinho espumar nos copos e sentindo o sangue ferver nas veias. Os olhares queimam como fogo; os seios palpitam, a alma bebe o prazer por todos os poros: pelos olhos, pelos sorrisos, nos perfumes, e nas palavras que se trocam!
HELENA – Bravo! Como estás romântica!
CAROLINA – Oh! Tu não fazes ideia! Meu espírito tem revoado tantas vezes em torno dessa esperança, que vendo-a prestes a realizar-se, quase enlouqueço. Outrora dei por ela a minha inocência; hoje daria a minha vida inteira! (Senta-se. Ribeiro e Pinheiro conversam à parte.)
HELENA (chegando-se a ela, baixo.) – Pois olha! Tens o que desejas bem perto de ti.
CAROLINA – Não te entendo.
HELENA – Deixa-te ficar e verás.
CAROLINA – Mas escuta!
HELENA – Depois; não percas tempo.