fácil de se decompor como foi fácil de construir, deve permanecer flexível e aberta para reformulações quando for necessário. Sua criação e extinção devem ser determinadas pelas escolhas de seus membros em firmar ou retirar seu compromisso para com ela e tal compromisso não pode ser irrevogável. O vínculo gerado pelas escolhas não deve prejudicar escolhas adicionais e diferentes.
Nesse sentido, o autor analisa que a evolução histórica da humanidade, sobretudo após a revolução burguesa - com conseqüente desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte -- provocou o surgimento de um grupo humano não dependente dos serviços da comunidade. Tais pessoas não conseguem visualizar o que ganhariam permanecendo com e na comunidade além do que já tenham obtido por conta própria ou ainda esperam asseguram com suas próprias forças, mas verificam vários itens que poderiam perder caso se submetessem às demandas da solidariedade comunitária. Bauman nomeia tal grupo como os "bem-sucedidos em secessão", uma nova elite cosmopolita global com um estilo de vida que
"(...) celebra a irrelevância do lugar, uma condição inteiramente fora do alcance das pessoas comuns, dos "nativos" estreitamente presos ao chão e que (caso decidam desconsiderar os grilhões) vão encontrar no "amplo mundo lá fora" funcionários da imigração pouco amigáveis e severos em lugar dos sorridentes recepcionistas dos hotéis. A mensagem do modo "cosmopolita" de ser é curta e grossa: não importa onde estamos, o que importa é que nós estamos lá." (BAUMAN, 2003, p.54)
Contudo, ressalta que "a 'bolha' em que a elite cosmopolita global dos negócios e da indústria cultural passa a maior parte de sua vida é uma zona livre de comunidade. (...)A 'secessão dos bem-sucedidos' é, antes e acima de tudo, uma fuga da comunidade". (BAUMAN, 2003, p.55) Para tais pessoas os desejos de dignidade, mérito e honra pelo próprio trabalho exige, paradoxalmente, a negação da comunidade.
Geoff Dench apud Bauman (2003), aponta que é parte integrante de uma comunidade a obrigação fraterna de partilhar as vantagens entre seus membros, independente das habilidades ou importância deles. Esse fator, portanto, torna o "comunitarismo" uma filosofia dos fracos. E, para Bauman, os "bem-sucedidos" não podem dispensar a visão meritocrática