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com a cabeça encostada ao moirão. Passaram-lhe a corda pelos chifres, ligando-os fortemente ao esteio; e, quando viu que a cabeça do animal estava bem segura, um dos vaqueiros prendeu-o pela cauda; outro foi buscar o ferro, que estava vermelho, em brasa, e assentou-o sobre o quarto direito da rês. Os pêlos e a pele chiaram, desprendendo uma fumarada negra e um cheiro de carne chamuscada. O novilho arfou, quis saltar, e soltou um berro medonho, um urro de raiva e dor. Depois de uns quinze segundo, retiraram o ferro: as letras J. P. apareciam, num sulco escuro, sobre a anca do animal.

O serviço continuou rapidamente, sendo marcadas várias reses, até que foi laçado um novilho negro de pontas alçadas e finas. Antes que o vaqueiro tivesse podido puxar o laço o animal arremeteu furioso contra ele, sacudindo a cabeça, e desprendendo-se da corda. Ligeiro e ágil como um toureiro de profissão, o homem desviou o corpo, e apadrinhou-se com o moirão. O animal arremeteu contra outro vaqueiro, que saltou fora do curral. O bicho estava como uma fera; e, vendo Alfredo, encostado à porteira, veio direito sobre ele. O menino, tomado de medo, conseguiu abrir a porteira, e deitou a correr; o novilho seguiu atrás dele, como um raio. Carlos, soltando um grito de horror, partiu em socorro do irmão. Os vaqueiros todos o imitaram... Mas o animal já estava quase alcançando o menino... Felizmente, Alfredo tropeçou e caiu: o novilho, cego de raiva, não pode parar, com o impulso que trazia, e passou por cima dele... Mas daí a pouco, voltou, e, desta vez, arremessou-se sobre Carlos, que quase