Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/148

Wikisource, a biblioteca livre

chegada dos alunos, pobremente vestidos, mas limpos; levavam nas sacolas os livros e a merenda. Em seguida foi ao mercado da vila, onde os vendedores de hortaliças se reuniam. Às onze horas, postou-se de novo à porta da Matriz; as horas continuaram a correr, monótonas e tristes...

Sentado num poial, o rapaz começava a cochilar, quando ouviu uma grande gritaria. Uma pobre velha atravessava a praça, perseguida por alguns desocupados, que a apupavam:

— Maluca! Maluca!

A pobre velha nada dizia, e ia caminhando, ofegante, com a cabeça baixa e os passo trôpegos.

— Maluca! Maluca! — berravam os garotos.

Um deles apanhou no chão uma pedra, e arrojou-a sobre a desgraçada. A pedra passou-lhe por cima da cabeça, e veio cair a poucos passos de Juvêncio. O sertanejo, indignado contra a covardia dos perseguidores, levantou-se e tomou a defesa da velha.

— Que é que você tem com isto, seu atrevido? — perguntou-lhe desaforadamente um dos vadios, rapaz de dezesseis ou dezessete anos. Juvêncio mirou-o, e os seus olhos fuzilaram de raiva e desprezo:

— Você não se envergonha do que está fazendo?... que mal lhe fez esta pobre mulher?... Você é que é um malvado e um covarde!

O rapazola, que era forte e sacudido, avançou e atirou-se para Juvêncio, disposto a sová-lo. Juvêncio esperou-o, e desviando rapidamente o corpo, recebeu-o com um soco, que o atirou a quatro passos de distância. O valentão voltou à