Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/167

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impossível distinguir-se qualquer cousa. Venâncio, seguido de perto pelos seus homens, dirigiu-se logo para o passo, e avançou com o braço estendido, tateando, à procura do rapaz. Este, porém, não o esperara; entrara na água até o meio da passagem, e, em vez de buscar a outra margem, tomou pelo leito do ribeirão; a água chegava-lhe até o peito. Deu vinte passos, e, voltando-se para a margem de onde viera, agarrou-se à primeira raiz que encontrou, e ganhou a terra firme outra vez.

Estava Juvêncio desembaraçado dos seus terríveis guardas, mas ainda não se sentia livre; queria ver-se na estrada. Nisto, ouviu um sussurro de falas; percebeu a voz rude de Venâncio, que o chamava baixinho, já meio impaciente.

“Preciso safar-me”, pensou o rapaz: “podia trepar a uma destas árvores e passar aí a noite, que eles não seriam capazes de descobrir-me, e, com a luz da manhã, sair daqui; mas, se ficam também?... Amanhã dão comigo... Nada! O melhor é tirar-me daqui; desde que vá, procurando sempre o rumo de cima e da direita, hei de chegar à estrada. Eles hão de buscar à esquerda, porque entraram por lá...”

Juvêncio refletia estas cousas, mas já estava andando, sôfrego. Tropeçava, enrolava-se nos cipós, emaranhava-se nas ramas, caia, levantava-se tateava, seguindo sempre para cima.

— Juvêncio! — bramiu a voz colérica de Venâncio. — Vem já para aqui, ou varo-te com uma bala!!!