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LII. UM ENCONTRO

Quando tomaram o trem, que devia deixá-los na Bahia, eram mais de duas horas da tarde. Carlos respirou. Não deixara de apreciar a visita ao engenho, mas o desejo ardente que tinha de chegar à capital da Bahia não lhe dava margem para qualquer distração ou divertimento. Estava ansioso por tocar o termo daquela vida de aventuras e de expedientes. Enfim, via aproximar-se esse termo, tão fervorosamente ambicionado. Dali a menos de cinco horas, — que tanto dura a viagem de Alagoinhas à Bahia, — ia ele saber o que o esperava, e qual o rumo que devia tomar com o irmãozinho.

O que mais preocupava Carlos não era a sua própria sorte; era a de Alfredo, tão criança ainda, e que daquele modo se expusera a perigos sem conta, atravessando os sertões, alimentando-se mal, dormindo mal, mal vestido. Felizmente, nada acontecera de muito grave. Mas só em pensar nos perigos passados Carlos estremecia de horror.

Alfredo, esse não tinha preocupações. Encostado à janela do carro, contemplava a paisagem, divertia-se com o movimento dos passageiros e com o atropelo das bagagens nas estações de