Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/32

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por ele, quando o viu sair, correndo de dentro de uma padaria. Trazia dois pães...

— Onde achaste esses pães? — Perguntou Carlos.

— Quando passávamos pela padaria lembrei-me que guardara cem réis, e comprei o nosso jantar. Toma um pão.

— Não! Guarda-o para ti, amanhã...

— Amanhã ainda está longe... E como queres que o guarde para mim, quando sei que também tens fome?

Andaram um pouco mais, comendo os pães; Carlos ia com a morte na alma, vendo que o irmão tropeçava nas pedras do caminho, já extenuado. Pararam no extremo da rua em que estavam. Já ali rareavam as casas. Viram um casebre humilde, fechado, com uma larga cobertura baixa, de sapê. Acolheram-se a esse abrigo providencial, aconchegaram-se, e adormeceram logo.

Rompia a manhã, quando Carlos ouviu que o chamavam:

— Iôiô! Iôiô!... Coitadinhos!

Era a velha preta, que já haviam encontrado no trem:

— Por que não bateram à porta? Vamos, vamos para dentro! Coitado do outro! Como está encolhidinho!

A boa velha levou-os para o interior do casebre. Era uma choupana rústica, mas asseada, com paredes de barro preto, e chão duro, batido de torrões. A um canto o fogão, ao centro uma mesa de madeira tosca; alguns bancos de pau, e o catre, em que dormia a dona da casa, completavam a mobília. A velha trouxe-lhes logo um