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Página:Aventuras de Diofanes.djvu/252

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tantos golpes? Com estas, e outras semelhantes vozes se explicava a minha pena: e bebendo lágrimas, fui trabalhando na sepultura, como pude. O triste companheiro, que de susto julgo havia emudecido, tendo o pálido semblante cadavérico, e os olhos sempre espantados, explicava a sua bárbara dor com ações, que me atormentavam; porque sendo sujeito a estar algum tempo, como em letargo, quando tornava a si, levantava os olhos ao Céu, e ora punha as mãos na cabeça, ora batia no aflito peito, e assim arrancava das entranhas os mais ardentes suspiros. Dois dias gastamos em abrir a sepultura, o corpo já com terrível fétido, e grande multidão de bichos, que também estavam nos lugares, que haviam escamado as rapinas, com grande trabalho o sepultamos; e recordando eu o nosso último fim, via como se arruinam os edifícios da vaidade naquele hediondo padrão, em que melhor estavam gravadas as letras do desengano; os dias passava, clamando aos Céus; as noites com medo inexplicável, ouvindo os bramidos dos monstros marinhos; e os soberbos roncos das ondas, que quando ali quebravam os montes da cristalina espuma, me faziam temer a sua soberba; e quando ouvia o severo rumor, que faziam ao longe, se renovava a minha sem igual saudade;