Cobriu-se com seu escudo
Beijou a cruz da espada,
E deu-lhe uma cutilada
Que desceu arnéis e tudo.
E dando outra a miudo,
A Ferrabraz offendeu
O céo o favoreceu
Um revez escapoliu
O balsamo delle cahiu
E Oliveiros bebeu.
Ferrabraz admirado
Por ver tanta ligeireza,
E vêr aquella destreza
Em quem já estava cançado,
Viu Oliveiros curado
De todas suas feridas
As forças restituidas
Estava tão renitente
Que parecia-lhe um ente
Com quinze ou dezeseis vidas.
Depois de ter apanhado
O balsamo que lhe serviu,
Dentro do rio saccudio
O que ainda tinha ficado.
Ferrabraz ficou massado
Por Oliveiros botar
O que não podia achar
Ainda a peso de ouro,
Do mundo todo thesouro
Não poderia comparar.
Oliveiros respondeu:
Ferrabraz fique sabendo
Que a tudo Deus está vendo
Pois o mundo todo é seu,
Um guerreiro como eu
Não vae atraz de cilada
Com Deus não me falta nada
Me bastam os prodigios seus
Não quero mais do que Deus
Uma lança e uma espada.
E tornou a investir
Que só um leão voraz.
E disse: Senhor Ferrabraz
E’ tempo de decidir,
Só se ouvia era tinir
As espadas pelo ar.
Roldão que estava a olhar
De vez em quando dizia:
Oliveiros eu queria
Estar agora em teu lugar.
Página:Batalha de Oliveiros com Ferrabraz.pdf/15
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