Saltar para o conteúdo

Página:Batalha de Oliveiros com Ferrabraz.pdf/19

Wikisource, a biblioteca livre

Alli no chão apanhou
Um pedaço de um escudo
Disse deste eu faço tudo
E com aquillo se armou
O inimigo esperou
Com esse ferro que tinha
Disse quando o turco vinha
Com Deus não me falta nada
Hoje eu tomo uma espada
Ou a do turco ou a minha.

Oliveiros viu então
Que a sella de Ferrabraz.
Estava munida de mais
Com espadas no arção,
Com toda disposição
Que só quem não tem juizo.
Partiu ao turco indeciso
Sem temeridade alguma,
Puxou pelo cabo uma
Que se chamava baptiso.

Agora sim, estou armado,
Disse elle a Ferrabraz.
Nas armas estamos iguaes
Nenhum ficará massado.
Cada qual zele seu lado
Que a batalha vai findar.
E’ tempo de aproveitar
A força, a coragem, o jogo,
A batalha é ferro e fogo
Seja feliz quem ganhar.

Haja tempo, o ferro trôa
Com golpes tão destemidos,
Das espadas os tenidos
Só um trovão quando sôa
Que o estampido rebôa
Por vãos de serra e quebradas,
Como bombas disparadas
Raios de fogo subiam.
Grossas faiscas sahiam
Daquellas duas espadas.

Ferrabraz a resistir
Estava com tanta paixão,
Oliveiros só leão
Quando alguem quer o ferir,
Disse—vamos decidir
Esta batalha comprida.
A causa está conhecida,
Um de nós hoje aqui erra,
E nesse campo de guerra
Um ha de deixar a vida.