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XV

Mongoméry, que serve na assembléia
De intérprete do rei, falou benigno,
Conforme na resposta à justa idéia,
De que o bom Diogo se mostrou tão digno,
Nem vendo a Lísia de conquistas cheia
Lhe inspira o impulso da ambição maligno,
A invejar-lhe já mais troféus tamanhos,
Que em prole sua não reputa estranhos.

XVI

"Ide, disse a rainha, ó par ditoso,
Que o banho santo, donde a culpa amara
Se apague nesse peito generoso,
Comigo a França apadrinhar prepara.
E, quando o sol seu curso luminoso
Três vezes repetir na esfera clara,
Será das nódoas do tartáreo abismo
Lavada a bela dama no batismo."

XVII

Era o dia em que é fama que o homem feito
De terra foi na estátua preciosa,
Em que Deus lhe infundira no seu peito
Do soberano ser cópia formosa.
Dia do nosso rito ao culto eleito
De Simão e Tadeu, quando formosa
Entrou Paraguassu com feliz sorte
No banho santo, rodeando-a a corte.