quando os trabalhadores manifestam esta pretensão absurda e revolucionaria — comer!
Aqui está, por exemplo, Sua Graça o Duque de Leicester, para não citar outros de nomes menos sonoros: os seus rendimentos na Irlanda sobem a quatrocentos contos de reis — e o infeliz tem ainda uns duzentos contos mais das suas propriedades na Inglaterra! Este fidalgo, escuso talvez dizel-o, não soffre frio e não passa fome: por outro lado, a população de rendeiros que trabalham as suas terras, e que com o seu suor e o seu esforço lhe arrancam do sólo este rendimento, — a unica cousa que realmente tem é fome e frio. Mas este anno tiveram mais fome e mais frio que de costume: e lá foram em farrapos, e com os pés nús sobre a neve, supplicar a Sua Graça, o Duque de Leicester, que lhes fizesse uma diminuição de dez por cento nas rendas — exageradas, absurdas e devoradoras. Sua Graça respondeu (pela bocca dos seus administradores, naturalmente: por sua propria bocca um Duque inglez nunca falla senão com outro Duque) respondeu que as suas circumstancias não lhe permittem essa liberalidade — e que a repetição d’uma tal supplica não podia ser tolerada.
E os rendeiros de Sua Graça lá voltaram de cabeça baixa, para o frio e para a fome.
Direi de passagem que se o pedido, em logar