Página:Como e porque sou romancista.djvu/40

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para fazer então em Olinda um exame soffrivel e obter a approvação plena. Em Novembro regressei á Côrte com a certidão precisa para a matricula do 4º anno. Tinha pois cumprido o meu dever.

Nessas ferias, emquanto se desenrolava a rebellião de que eu vira o assomo e cuja catastrophe chorei com os meus, refugiei-me da tristeza que envolvia nossa casa, na litteratura amena.

Com as minhas bem parcas sobras, tomei uma assignatura em um gabinete de leitura que então havia á Rua da Alfandega, e que possuia copiosa collecção das melhores novellas e romances até então sahidos dos prelos francezes e belgas.

Nesse tempo, como ainda hoje, gostava do mar; mas naquella idade as predilecções têm mais vigor e são paixões. Não sómente a vista do oceano, suas magestosas perspectivas, a magnitude de sua criação, como tambem a vida maritima, essa temeridade do homem em lucta com o abysmo, me enchiam de enthusiasmo e admiração.

Tinha em um anno atravessado o oceano quatro vezes, e uma dellas no brigue-escuna Laura que me transportou do Ceará ao Recife com uma viagem de onze dias, á vela. Essas impressões recentes alimentavam a minha fantasia.

Devorei os romances maritimos de Walter